Bacon, o visceral Francis Bacon

por Juliano Mignacca
Francis Bacon, Autorretratos
Incompreendido, abandonado, doente e homossexual na Irlanda católica. Esses foram os alicerces que moldaram a infância do artista Francis Bacon (1909 – 1992). Sua arte não poderia ser outra coisa senão arrebatadora. As figuras deformadas carregam toda expressividade visceral de Bacon. É impossível ficar indiferente diante de seus quadros. Eles causam sentimentos instantâneos. A fruição não resulta somente das qualidades próprias da obra, mas, sobretudo, da imaginação e do sensível de cada espectador.
Embora fosse um artista figurativo, seus quadros beiram o abstrato, o que nos deixa livres dos conceitos que fazemos das coisas representadas. Bacon não fazia a simples cópia natural de um rosto ou imitação de algo. Suas figuras são sublimes porque ele desenvolve uma ideia de como representá-las. O resultado são traços e cores que sintetizam toda carga emocional dos personagens e dele próprio.
Adapta a Bacon, considerado o maior pintor britânico do século 20, o que o pensador espanhol José Ortega y Gasset chamava de vontade de estilo: que é deformar o real, desumanizar, enquanto que uma arte puramente pictórica convida o artista a seguir às formas naturais das coisas.
 
Francis Bacon, por John Deakin, 1952
O Paço das Artes em São Paulo oferece a oportunidade para conhecer um pouco do trabalho dele. A exposição Italian Drawings possui 43 obras desenhadas a lápis e em cor realizadas em sua última década de vida. A coleção pertence ao seu ex-parceiro, o ítalo-americano Cristiano Lovatelli-Ravarino. São desenhos das recorrentes pinturas que fez durante sua carreira como a figuras do Papa Inocêncio X, inspirada na imagem pintada pelo artista espanhol Diego Velázquez no século 17, autorretratos e a Crucificação.
 
 
 
Pauta, texto e ideias disseminadas por Juliano Mignacca
 
Coluna: Arte
 

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