O pintor como jornalista: O Intrépido Téméraire

por Isso Compensa

O Pintor como Jornalista 

John Russell, importante crítico de arte estadunidense, publicou na New York Times Magazine, em setembro de 1999, uma análise de 7 quadros famosos, pintados no calor das notícias. Com o título “As notícias do dia, em telas”, o artigo relacionava o ofício do pintor a uma espécie de “arte jornalística”, que retratava os acontecimentos do cotidiano, “o pintor como jornalista”. 

Ainda em setembro de 1999, o jornal O Estado de São Paulo publicou no Caderno 2 a tradução feita por Ruth Helena Bellinghini. 

O Isso Compensa recuperou o texto impresso no arquivo de um colaborador aficcionado, acumulador de jornais velhos e amarelados, e traz aqui os fragmentos numa série sobre cada uma das telas abordadas por John Russell (falecido em 2008, aos 89 anos).

A primeira das 7 obras é “O Intrépido Téméraire”, de William Turner, de 1839, pertencente à coleção da National Gallery de Londres.

“O Téméraire, lançado em 1798, foi um dos navios de guerra mais amado pelos britânicos. Seus 98 canhões entraram em ação na batalha de Trafalgar, em 1805, quando passou a ser conhecido como o intrépido Téméraire. Só o tempo e motor a vapor foram seus inimigos: tirado de serviço, passou a funcionar como depósito. Em 1838, numa viagem que comemorava seus 40 anos, o navio teve um fim ignomioso, quando desfilou pelo Tâmisa arrastado por um rebocador que, segundo um observador, “tinha um ar malicioso que ficaria muito bem num carrasco “.

Um dos espectadores dessa última viagem foi Joseph Mallord William Turner. Em maio de 1839, sua tela ‘O Intrépido Téméraire’ foi comentada em toda Londres. O quadro de Turner mexeu com os ingleses porque captava a dimensão das mudanças que varriam a Europa. O Téméraire era uma visão pungente, um conquistador afastado do campo de batalha por um João-ninguém. Mas a era do vapor havia chegado e não havia mais lugar para os grandes navios a vela. Turner não perdeu tempo para expressar a novidade.”

John Russell, setembro de 1999

Curiosidade: em 2005, foi eleita a pintura preferida dos britânicos numa pesquisa realizada pela BBC. 

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