O Sacrifício de Isaac em nome da arte e da fé

por Homero Nunes

O Sacrifício de Isaac é uma das passagens bíblicas que mais fizeram eco na história da arte. Diferentes artistas pintaram a cena, em várias épocas, em variados estilos. Historicamente, algumas tábuas de argila e inscrições antigas contam sobre a vida de um tal Abraão, patriarca dos primeiros hebreus, muito antes de Cristo. Na época de Jesus já constava nas tradições judaicas. Do cristianismo em diante apareceu de diversas maneiras ao longo dos séculos. Há mosaicos bizantinos e afrescos medievais, também peças tão antigas como o Testamento. Contudo, o tema renasceu com força no Barroco e Maneirismo do século XVII (um pouco antes, um tanto depois). Após a Reforma Protestante e a Contra-Reforma, a história de Abraão e Isaac voltou com tudo como exemplo de fé e de obediência a Deus, figurando na difusão didática do cristianismo. Sobretudo de uma fé cristã abalada pelas transformações que o Renascimento e o protestantismo impuseram ao mundo. Era uma passagem que implicava a força da tradição, o compromisso da fé, o certo pelas linhas tortas de Deus. Importância percebida no grande número de obras dedicadas ao Sacrifício de Isaac que pipocaram na arte barroca pelos quatro cantos da Europa a partir dos 1600. Segue aqui uma compilação das mais belas e importantes, com destaque para as versões de Caravaggio e Rembrandt.

O Sacrifício de Isaac, Caravaggio, 1603

O Sacrifício de Isaac, Rembrandt, 1635

Conhece a passagem do sacrifício de Isaac? Então, Deus queria colocar Abraão à prova, queria confirmar a fé do sujeito. Ordenou-lhe que levasse seu filho, o garoto Isaac, a um monte adiante e o matasse em sacrifício, como se fazia com os cordeiros e outras oferendas vivas. Abraão era homem temente a Deus e não titubeou com a ordem do chefe. Levou o filho único ao alto do morro e arrumou a lenha como mandava o ritual, com a ajuda do ingênuo Isaac. O menino, que não sabia de nada, inocente, ainda perguntou onde estaria o cordeiro daquele sacrifício, quando o papai respondeu que o Senhor proveria. Mas foi só o rapaz bobear que se viu amarrado chorando em cima da lenha, sem entender direito o que estava acontecendo. Abraão pegou a faca e no momento fatal, pouco antes do derradeiro golpe, um anjo segurou seu braço e o impediu. Era pegadinha! Pegadinha de Deus que só queria mesmo saber se ele seria capaz de sacrificar o filho. Era sim. O jovem escapou por pouco. Salvo pelo gongo do anjinho. Abraão ficou de boa com o Senhor e muito mal com o filhão, magoado coitado. Apareceu mesmo um carneiro provido para tomar o lugar no sacrifício. Este não escapou.

Na Bíblia
Gênesis 22: 1-18

O Sacrifício de Isaac, Caravaggio, 1598

O Sacrifício de Isaac, Domenichino (Domenico Zampieri), 1627-28

O Sacrifício de Isaac, Pedro de Orrente, 1616

O Sacrifício de Isaac, Orazio Riminaldi, 1625

O Sacrifício de Isaac, Juan de Valdés Leal, 1657-59

O Sacrifício de Isaac, Laurent de LaHire, 1650

O Sacrifício de Isaac, Giovanni Battista Piazzetta, 1715

O Sacrifício de Isaac, Giovanni Battista Tiepolo, 1726-29

O Sacrifício de Isaac, Ticiano, 1542-44

O Sacrifício de Isaac, Jacob Jordaens, 1630

O Sacrifício de Isaac, Peter Paul Rubens, 1620

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