Pintado entre 1808 e 1812, o gigante de Goya enfrentou uma grande crise de identidade ao se aproximar dos 200 anos. Em 2008 um estudo colocou em dúvida a autoria da pintura, sugerindo que teria sido produzida por um discípulo de Goya, bastante influenciado pelo estilo do pintor. Em 2009, o próprio museu do Prado, em Madrid, que abriga a obra, emitiu um comunicado lamentando o rebaixamento do gigante a um “não-Goya”. O que significou uma desvalorização considerável, perda de encanto e desinteresse nos corredores do museu. Interessante é como a autenticidade faz a aura da obra, nestes tempos de reprodutibilidade técnica, como diria Walter Benjamin: se não é um Goya, não importa mais. Contudo, a história dá mais uma reviravolta e um estudo recente, divulgado em 2013, devolve ao Colosso a autoria, contestando os estudos anteriores e levantando novas questões, na direção de variações impressas nas obras do pintor espanhol. Dois séculos depois, o gigante de Goya acordou em crise de identidade, entre a maravilha da autenticidade ou o descrédito de um pintor desconhecido, na trilha do mestre.
El Coloso
1808 – 1812
Óleo sobre tela
116 cm × 105 cm
Museu do Prado, Madrid
Francisco Goya?
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