“Uma garota americana na Itália” desfila no passeio entre os excitados de plantão. O sucesso dela contrasta com a timidez, segurando o xale com o braço junto ao corpo, de modo a fechar-se. Aperta o passo e escuta comentários e risadas. Eles não se contém, todos, menos um já distraído, olham para ela na passarela da praça pública. Mexem-se, eufóricos pela beldade que lhes quebra o tédio. A foto, numa esquina em Florença, foi feita sob uma falsa espontaneidade: ao ver a cena da moça entre os homens, Ruth Orkin pediu a ela que passasse novamente naquele passeio para fotografá-la. Pedido atendido, o acontecido ganhou mais força, com mais intensidade na cena, embora não tenha sido montada nem combinada com ninguém além da própria garota americana. Tédio quebrado em dobro, euforia maior, fotografia eloquente.
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