Ler brasileiros(as) para entender o Brasil: Marilena Chauí

por Matheus Arcaro

Uma coluna sobre @s intelectual brasileir@s que pensaram e pensam as questões nacionais.

Por Matheus Arcaro*

MARILENA CHAUÍ (1941- )

Chauí é conhecida pelos seus livros didáticos e por suas falas fortes (aquela que a classe média é, por natureza, reacionária, virou até meme). Acontece que a autora tem uma obra sólida há mais de 40 anos, é uma das estudiosas mais importantes do mundo sobre Espinosa e tem livros sobre ética e política traduzidos para vários idiomas.

Especificamente em relação ao nosso país, ela afirma que a sociedade brasileira é estruturalmente despótica e tem fascínio pelos símbolos de status e poder como, por exemplo, o quartinho de empregada (que nada mais é do que uma Senzala socialmente aceita). Afirma ainda que micropoderes despóticos capilarizam a violência por toda a sociedade nacional, fazendo com que o “outro” não seja reconhecido como sujeito (processo de desumanização e naturalização da barbárie). Eis o que ela chama de autoritarismo social: pobres, negros, mulheres, indígenas e homossexuais são vistos como “subcidadãos”. A inclusão dessas pessoas é como se fosse um favor do Estado, de algum político especifico ou de uma empresa. Tudo isso é fruto de uma mentalidade neoliberal em que a política é definida como gestão, de acordo com os padrões do mercado. E a democracia é enxergada pelo critério da eficácia (conjunto de procedimentos definidos por técnicos) e pela ideologia da competência. Em suma: o neoliberalismo, na visão da autora, destrói a democracia como espaço de direitos, reduzindo-a  à proteção dos indivíduos. Transforma direitos em serviços, comprados e vendidos no mercado. 

Faz-se preciso, então, pensar na Democracia Real em substituição ao neoliberalismo. Esta que preza pela Cidadania plena e abre os campos das lutas populares, opondo-se aos privilégios do capital financeiro.

Foto: Marilena Chauí, por Patrícia Arajújo

*Matheus Arcaro é mestre em filosofia contemporânea pela UNICAMP. Pós-graduado em História da Arte. Graduado em Filosofia e em Comunicação Social. É professor, artista plástico e escritor, autor do romance “O lado imóvel do tempo” (Patuá, 2016) e do livro de contos “Violeta velha e outras flores” (Patuá, 2014). Está lançando Amortalha, livro de contos, também pela Patuá.

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