Uma coluna sobre @s intelectual brasileir@s que pensaram e pensam as questões nacionais.
Por Matheus Arcaro*
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Gilberto Freyre (1900-1987).
Antropólogo pernambucano, formado pela Universidade de Colúmbia, sua principal obra, Casa Grande e Senzala, data de 1933.
Freyre evidencia a contribuição das populações negra e mestiça, bem como a fusão de etnias e culturas para a formação da sociedade brasileira e afirma que, se a violência representou, no primeiro momento da colonização, a imposição dos parâmetros culturais dos portugueses, posteriormente foi apagada grande parte das marcas de agressão, graças aos processos de miscigenação e sincretismo (síntese, razoavelmente equilibrada, de elementos díspares, originários de diferentes visões do mundo) entre os povos e culturas. Eis a famosa noção de Democracia Racial, teoria que se tornou fonte de orgulho nacional para o Brasil, pois se contrastou favoravelmente com outros países, como os Estados Unidos, por exemplo.
Se, por um lado, Freyre foi fundamental para desconstruir a noção “científica” de superioridade racial, oriunda do darwinismo social, por outro, contribuiu para uma falsa noção de igualdade, algo que pode camuflar os abismos sociais existentes no país. É neste sentido a crítica que recebe de Florestan Fernandes, por exemplo, para quem o conceito de Democracia Racial seria um mito, porque o que ocorreu foi destruição, submissão, exploração econômica e imposição cultural dos colonizadores. Para Florestan, esse mito permitiu que as classes dominantes mantivessem seus privilégios sem competição nem confronto.
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*Matheus Arcaro é mestre em filosofia contemporânea pela UNICAMP. Pós-graduado em História da Arte. Graduado em Filosofia e em Comunicação Social. É professor, artista plástico e escritor, autor do romance “O lado imóvel do tempo” (Patuá, 2016) e do livro de contos “Violeta velha e outras flores” (Patuá, 2014). Está lançando Amortalha, livro de contos, também pela Patuá.
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