
O que era para ser uma maldição, virou uma benção. Ter uma obra incluída no índice de livros proibidos pela Santa Madre Igreja — Index Librorvm Prohibitorvm –, era um prêmio que valorizava o livro por toda a eternidade. Se foi proibido, deve ser realmente muito bom. Tanto que o Index se tornou uma espécie de catálogo definitivo de célebres autores e importantes obras. Nem mesmo o Nobel de literatura, com seu cheque de mais ou menos 1 milhão de dólares, equivale à grandeza de ser amaldiçoado e proibido pela Igreja. Era como ser incluído no hall dos melhores, dos mais inteligentes e perspicazes autores da história. Ser elevado à imortalidade pela importância da obra, ter o reconhecimento de que o livro ultrapassa as barreiras editoriais e quebra os limites da própria literatura. Um feitiço, um encanto, que virou contra o feiticeiro, o maior tiro pela culatra da história. Sonho de autor é ser proibido.

As imagens desta postagem são deste livro, a versão em HQ do clássico Fahrenheit 451.

O filme, por Truffaut, 1966

O livro, publicado originalmente em 1953
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