Uma coluna sobre @s intelectual brasileir@s que pensaram e pensam as questões nacionais.
Por Matheus Arcaro*
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Celso Furtado (1920-2004)
Formação Econômica do Brasil, 1959
Para Furtado, o subdesenvolvimento não é uma “etapa necessária” dos países, como sugerem termos como “emergentes” ou “em desenvolvimento”, mas se trata de um processo estrutural, consequência de uma “industrialização indireta”, na rabeira dos países hegemônicos.
O estudo da dependência deve partir tanto de uma de uma visão global da economia dos países hegemônicos, quanto de uma visão particular da dinâmica das economias dominadas. Em um processo histórico-dialético.
O pensador é crítico tanto das proposições liberais, que primam pela estabilidade, em detrimento do desenvolvimento, quanto das teses marxistas que pregam a ruptura com o sistema capitalista. É, portanto, um reformista, ou seja, dentro do próprio capitalismo seriam encontradas as possibilidades de superação da dependência.
De acordo com Furtado, o desenvolvimento econômico mundial, após a Revolução Industrial, se deu em três direções: A primeira com os países circundantes próprio desenvolvimento industrial, ou seja, a Europa Ocidental. A segunda resultou na formação de núcleos industriais em países que apresentavam características semelhantes aos países europeus, como Austrália, Canadá e Estados Unidos. A terceira provocou a formação de estruturas econômicas dependentes.
No Brasil, este processo criou uma industrialização dependente. Tal dependência não pode ser superada a não ser por uma forte intervenção estatal no setor produtivo, com ênfase no desenvolvimento social (industrialização induzida).
Eis o projeto nacional desenvolvimentista, que garante crescimento econômico e preza pelo bem-estar da maioria da população.
(teoria de Furtado que ganhou força na CEPAL).
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*Matheus Arcaro é mestre em filosofia contemporânea pela UNICAMP. Pós-graduado em História da Arte. Graduado em Filosofia e em Comunicação Social. É professor, artista plástico e escritor, autor do romance “O lado imóvel do tempo” (Patuá, 2016) e do livro de contos “Violeta velha e outras flores” (Patuá, 2014). Está lançando Amortalha, livro de contos, também pela Patuá.
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