Rudyard Kipling e o poema para um menino ser grande

por Isso Compensa

Os conselhos de um pai poeta ao filho de 12 anos. Prêmio Nobel de literatura em 1907, Rudyard Kipling escreveu “Se” para o menino em 1909, tentando dizer a ele o que precisava, o que poderia, o que devia para ser um homem, dos bons. Ironia do destino, o filho morreu alguns anos depois, apenas aos 18, na Primeira Guerra Mundial. Imagine a dor do pai. O poema imortalizou os dois. 

Abaixo a tradução de Guilherme de Almeida e o original em inglês.

Joseph Rudyard Kipling
*Bombaim, 30 de dezembro de 1865
+Londres, 18 de janeiro de 1936

SE

Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;

Se és capaz de pensar — sem que a isso só te atires,
De sonhar — sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;

Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo,
Resta a vontade em ti que ainda ordena: “Persiste!”;

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais — tu serás um homem, ó meu filho!

Rudyard Kipling, por Sir Philip Burne-Jones, 1899

IF


If you can keep your head when all about you
Are losing theirs and blaming it on you,
If you can trust yourself when all men doubt you,
But make allowance for their doubting too;
If you can wait and not be tired by waiting,
Or being lied about, dont deal in lies,
Or being hated, dont give way to hating,
And yet dont look too good, nor talk too wise;

If you can dream — and not make dreams your master,
If you can think — and not make thoughts your aim;
If you can meet with Triumph and Disaster
And treat those two impostors just the same;
If you can bear to hear the truth youve spoken
Twisted by knaves to make a trap for fools,
Or watch the things you gave your life to, broken,
And stoop and build em up with worn-out tools;

If you can make one heap of all your winnings
And risk it all on one turn of pitch-and-toss,
And lose, and start again at your beginnings
And never breath a word about your loss;
If you can force your heart and nerve and sinew
To serve your turn long after they are gone,
And so hold on when there is nothing in you
Except the Will which says to them: “Hold on!”

If you can talk with crowds and keep your virtue,
Or walk with kings — nor lose the common touch,
If neither foes nor loving friends can hurt you;
If all men count with you, but none too much,
If you can fill the unforgiving minute
With sixty seconds worth of distance run,
Yours is the Earth and everything thats in it,
And — which is more — youll be a Man, my son!

.

“If”, famoso em língua inglesa, um poema clássico, foi declamado por muita gente bacana. Abaixo uma seleção de vídeos que compensam:

Por Michael Caine

Por Dennis Hopper, no “Johnny Cash Show”


Por Harvey Keitel

Por Kevin Spacey

Por Roger Federer e Rafael Nadal

E uma paródia do Abraham “Abe” Simpson

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