A Cajuína Cristalina em Teresina

por Homero Nunes

Matou-se Torquato Neto, 1972. Conta Caetano Veloso que não chorou no dia a morte do amigo. Anos depois encontrou-se com o pai de Torquato em Teresina, só os dois na velha casa cheia de retratos. Desabou, chorou tudo que havia guardado. O velho, consolando o menino, serviu copos gelados de Cajuína, a bebida amarela de caju, tão nordestina. Também apanhou um botão, uma rosa pequenina. Deu-se a sutileza. Tudo assim, da simplicidade do momento, na mais simples rima, Caetano compôs aquela música linda, para a dor pai e o amigo suicida. Linda e pequenina Cajuína.

Foi gravada em 1979, no disco “Cinema Transcendental – Caetano e a outra Banda da Terra”.
“Existirmos: a que será que se destina?
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
Do menino infeliz não se nos ilumina
Tampouco turva-se a lágrima nordestina
Apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos intacta retina

A Cajuína cristalina em Teresina.”

Torquato, Caetano e Capinan




A Cajuína, a cristalina da rima, é bebida típica nordestina. Não alcoólica, artesanal, docinha, feita de caju, muito popular. Seu modo de produção é patrimônio imaterial do Piauí.




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