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Cinema 
Dizia o poeta Murilo Mendes que “quando a gente acorda de bom humor, é sinal que está em Paris”. Nenhuma cidade tem uma mística tão romântica quanto Paris. Nem Veneza, nem Barcelona, nem a Lapinha da Serra. Quem não ama Paris, mesmo sem conhecê-la? Se a conhece e não ama, sinto muito. A beleza está no olhar, construído pelo arcabouço cultural e pela percepção do contexto, da história, das referências que fazem do lugar um sonho de nostalgia e romance. Centro do universo das artes e da literatura, Paris é assombrada pela maldição dos poetas e boêmios, ao mesmo tempo em que encarna o delírio romântico e erótico de gerações, entre Tânatos e Eros. Uma atmosfera forjada em milênios… entre romanos, medievais, nobiliárquicos, burgueses revoltosos, um imperador megalomaníaco, artistas românticos, boêmios inveterados, poetas e escritores malditos e casais(zinhos) apaixonados.
Compensa o filme “Meia Noite em Paris”, de Woody Allen. Nele, o diretor nos leva a uma viagem à era de ouro da cidade, entre personagens da literatura, da música, da arte. Atordoado entre um agora sem sentido e a nostalgia de um tempo perdido, o personagem principal contracena com os grandes nomes do imaginário parisiense: Ernest Hemingway, Cole Porter, Salvador Dalí, Buñuel, Pablo Picasso, F. Scott Fitzgerald e Zelda, T.S. Elliot, Toulouse Lautrec, Paul Gaugin, Degas etc. E circula pelos deslumbrantes cenários que a cidade proporciona. Com aquela pitada de humor negro característico de Woody Allen, o filme é leve e sutil, um deleite para quem gosta de arte e bom cinema. Diante da falta de sentido do agora, a era de ouro está sempre no passado. Imagine o passado em Paris.
Do diretor Woody Allen, compensa ver quase tudo, mas indico alguns filmes:
Vicky Cristina Barcelona
Match Point
A Rosa Púrpura do Cairo
Manhattan
Noivo Neurótico, Noiva Nervosa
Em Paris, compensa conhecer:
O Museu D’Orsay
O Jardin du Luxemburg
A Place des Vosges
Os entornos da Saint Michel com Saint Germain
A Sacre Coeur
Os gárgulas da Notre Dame
