American Splendor: uma vida medíocre pode ser bem complexa

por Homero Nunes
American Splendor é uma revista em quadrinhos muito incorreta escrita pelo fracassado Harvey Pekar (1939 – 2010). Em 2003, American Splendor virou filme (“O Anti-Herói Americano”, no Brasil) estrelado por Paul Giamatti e narrado pelo próprio Pekar. Com um aspecto cru, tosco, quase documental, o filme entra na atmosfera da revista e da vida do autor para contar a mediocridade explícita de um arquivista médio, de classe média, cercado por pessoas médias. Perdedor assumido, true loser, como se definia, Pekar acreditava em pouca coisa na sua vida, mas usava do seu mau humor, de seu pessimismo, de seu sarcasmo para escrever uma revista em quadrinhos “do mal”, sem super-heróis, sobre a vida real. “Uma vida medíocre pode ser bem complexa”, nas palavras dele. Narrando seus fracassos diários e corroendo o mundo com doses ácidas, American Splendor fez sucesso no submundo dos quadrinhos e lançou Harvey Pekar para além do seu trabalho medíocre de arquivista de hospital. É justamente esse lado despretensioso, perdedor, pessimista, mau humorado, ácido que fez a originalidade de American Splendor, revista e filme. Como diria Nelson Rodrigues, “na vida, o importante é fracassar”.

Compensa:
American Splendor
a revista é editada em português pelo selo Vertigo, da DC Comics,
encontrada em lojas especializadas em quadrinhos para adultos.


O Anti-Herói Americano – American Splendor
o filme – narrado pelo próprio Harvey Pekar, com Paul Giamatti


Bob & Harv – Dois Anti-Heróis Americanos
Harvey Pekar e Robert Crumb
Lançado no Brasil pela editora Conrad
 

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