O pessimismo de E.M. Cioran e o absurdo da vida

por Homero Nunes
Nascido na Transilvânia, radicado na França, Emil Cioran (1911 – 1995) é como um vampiro que suga a filosofia. Pessimista, niilista, cético, seu pensamento é corrosivo, violento. Trata de temas dolorosos como o suicídio, a alienação, o absurdo da vida, a decadência, a angústia, a futilidade da existência etc.. Tudo isso a partir de um ângulo romântico, no íntimo da expressão, entre o desespero e a crítica da fealdade do mundo, agarrado à vida como um suicida que titubeia à beira do precipício. Incrível como aquilo que deveria ser feio, que é dor, que nos maltrata a existência, consegue ser belo e poético. 

“O combate que travam em cada indivíduo o fanático e o impostor faz com que não saibamos nunca a quem nos dirigir.”

“A arte de amar? Saber unir um temperamento de vampiro a discrição de uma anêmona.”

“Acredito na salvação da humanidade, o futuro do cianureto.”

“Todos os seres são infelizes; mas quantos o sabem?”

“O limite de cada dor é uma dor maior.”

“Impossível chegar à verdade através de opiniões, pois toda opinião não passa de um ponto de vista louco, sobre a realidade.”

“Ser é estar encurralado.”

“Enquanto preparavam a cicuta, aprendia Sócrates uma canção na flauta. ‘Para que te servirás?’ lhe perguntaram. ‘Para sabê-la antes de morrer’. Ouso recordar esta resposta que os manuais banalizaram, pois que ela me parece a única justificação séria da vontade de conhecer, que se dá até mesmo às portas da morte ou em outro momento qualquer.”

“O destino do homem é esgotar a ideia de Deus.”

“Começar uma família. Creio que me seria mais tranqüilo começar um império.”

“A timidez, inesgotável origem de tantas infelicidades na vida prática, é a causa directa, mesmo única, de toda a riqueza interior.”

“Só a flor decaída é verdadeira flor, disse um japonês. Estou tentado a falar o mesmo da civilização.”

“Seria a existência o nosso exílio e o vazio a nossa pátria?”

“A inconsciência é uma pátria; a consciência, um exílio.”

“Deus é um desespero que começa onde todos os outros acabam.”

“A obsessão pelo suicídio é própria de quem não pode viver, nem morrer, e cuja atenção nunca se afasta dessa dupla impossibilidade.”

“Objeção contra a ciência: este mundo não vale a pena ser conhecido.”

“Somos todos impostores que nos suportamos uns aos outros. Quem não aceitasse mentir veria a terra fugir sob seus pés: estamos biologicamente obrigados ao falso.”

“Há dois mil anos Jesus de Nazaré desconta em nós o fato de não ter morrido num sofá.”

“O momento em que pensamos ter compreendido tudo dá-nos ar de assassinos.”

“Esperar é desmentir o futuro.”

“No edifício do pensamento não encontrei nenhuma categoria na qual pousar a cabeça. Em contrapartida, que belo travesseiro é o Caos!”



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