Flaubert e o desejo como dimensão da alma

por Homero Nunes
Gustave Flaubert (1821-1880)
A medida de uma alma é a dimensão do seu desejo

Há frases que me ficam na cabeça e pelas quais sou obcecado, como essas melodias que voltam sempre e fazem mal, de tanto gostar delas.
Nada é mais humilhante do que ver os tolos vencer naquilo em que fracassamos.
Ser estúpido, egoísta e ter boa saúde; eis as condições ideais para se ser feliz. Mas se a primeira vos falta, tudo está perdido.
Cheguei à firme convicção de que a vaidade é a base de tudo, e de que finalmente o que chamamos de consciência é apenas a vaidade interior.
Nunca existiram grande homens enquanto vivos. É a posteridade que os cria.
Por que nos conhecemos? Por que o acaso o quis? Foi porque através da distância, sem dúvida, como dois rios que correm a unir-se, nossas inclinações particulares nos impeliram um para o outro.
Ele andava à roda no seu desejo como o preso no cárcere.
Na casa de todas as prostitutas da Itália, há uma madona que brilha à luz de velas acima de suas camas.
O que o dinheiro faz por nós não compensa o que fazemos por ele.
As felicidades futuras, como as praias dos trópicos, projetam, na imensidade que as precede, as suas molezas nativas, brisas perfumadas; e nós nos entorpecemos na sua languidez, sem mesmo nos importarmos com o horizonte que não avistamos ainda.
A fraternidade é uma das mais belas invenções da hipocrisia social.
As recordações não povoam nossa solidão, como dizem, ao contrário, fazem-na mais profunda.
De todas as mentiras, a arte é ainda a menos falsa.
De Flaubert, leia: Madame Bovary


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