A arte nas prateleiras

por Homero Nunes
por Juliano Mignacca


O mercado de arte no Brasil vive um momento sem precedentes. Aquecimento da economia nos últimos anos, crescimento da classe média e incentivos fiscais impulsionaram produção, distribuição e consumo desse arsenal das artes plásticas. 
O perfil do consumidor, cada vez mais voraz, é amplo. Os colecionadores, parte importante dessa cadeia, costumam ser o veículo de propaganda mais eficaz para os artistas, especialmente quando ligados a alguma instituição de peso na área. Existem aqueles que fazem investimentos, apostam numa possível valorização de um determinado artista e de sua obra. Há também os que compram porque são apreciadores de arte, por puro modismo ou simplesmente para decoração de ambientes. A publicidade em torno desse mercado o tornou um setor vigoroso.
Uma ilustração disso foi o recorde de público na SP-Arte 2013, que recebeu mais de 20 mil visitantes. Uma boa parte desse público era formada, sem dúvida, de meros curiosos, atraídos pela mídia e pela divulgação espontânea que o evento causou. A feira é a maior do hemisfério Sul e uma das mais importantes do mundo. Ocupou os três pisos do pavilhão da Bienal com renomadas galerias; 81 nacionais e 41 estrangeiras. Entre várias celebridades que passaram por lá estão a modelo Kate Moss e a atriz Sharon Stone.
Fotografia de Bruno Cals, SP-Arte 2013
O Brasil é a bola da vez, o que, não por acaso, nos remete à segunda metade do século XIX na Europa, quando o enriquecimento da classe burguesa com o desenvolvimento industrial fez surgir um novo grupo de consumidores e um número crescente de artistas. O salão anual de Paris e o júri formado para avaliar as obras sob os ditames da tradicional ordem estética perderam o poder absoluto que detinham. O mercado de arte saiu da esfera do Estado e de um grupo privilegiado para alcançar outros espaços de exibição e um público cada vez maior.
Era preciso que alguém validasse os novos grupos de artistas e suas obras, então excluídos do sistema. Surge a necessidade de um novo intermediário: o marchand e o crítico. Estes novos personagens emergiram entre apreciadores, intelectuais, escritores e jornalistas, que fizeram a ligação entre os artistas e o público, tornando o mercado mais aberto, livre da aprovação e domínio da Academia. Muitas vezes, foi através dos críticos que surgiram movimentos e tendências. O termo “impressionismo”, que virou o nome de um movimento, nasceu de uma provocação do escritor e artista Louis Leroy, num artigo publicado em 1874 no jornal francês Charivari sobre a pintura de Claude Monet. “Impressão: Sol Nascente”. A crítica tornou-se então um braço do artista.

Claude Monet, Impressão: Sol Nascente, 1872
Na década de 60, Andy Warhol soube muito bem se utilizar dos críticos e da publicidade. Mesmo que sua obra tenha sido compreendida como uma alfinetada na sociedade de consumo, Warhol tirava proveito disso por ser um excelente gerenciador de negócios. Ao associar imagens tão conhecidas das massas ao seu nome e vice-versa, ele próprio tornou-se um produto assim como as famosas latas de sopa Campbell’s reproduzidas em suas obras. Não por acaso, sua célebre galeria de arte em Nova Yorkchamava-se Factory.
Com tantas novas galerias e feiras de arte, as oportunidades para novos  profissionais na área estão em total expansão.
Não por acaso, houve um expressivo retorno aos suportes mais tradicionais das artes plásticas (quadros, esculturas, fotografias, entre outros). Há demanda para o objeto, pela mercadoria, assim como numa gôndola de supermercado.

Para maiores informações sobre galerias de arte: www.mapadasartes.com.br A quem tiver interesse: este ano, a SP-Arte/Foto contará, em sua sétima edição, com 25 galerias. O evento acontece entre os dias 21 e 25 de agosto no Shopping JK Iguatemi, na cidade de São Paulo.




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