por Patrícia Matos
“As nossas tragédias são sempre de uma profunda banalidade para os outros”
Oscar Wilde
Oscar Wilde, o mais irônico e petulante dândi de sua época, teve sua moral dobrada, massacrada, nos fétidos porões da prisão. Cabelos raspados, despido de suas vestes e consumido por assombrosos trajes. Humilhado e caluniado, foi condenado após enfrentar por três vezes a rigorosa corte britânica, em 28 de maio de 1895, pelo crime de sodomia, originado de uma relação amorosa com o homem que provocou a ruína absoluta de sua arte.
Nos dois anos do flagelado xadrez escreveu a “A Balada do Cárcere de Reading” e “De Profundis”, ofertada a Lord Douglas por quem se apaixonou e a quem atribuiu sua derrota. Entregou sua saúde à desgraça e assistiu suas riquezas e gloria deflagrarem. Quando saiu, farrapo, partiu para o exílio, em Paris. Um exílio de luxo, diriam, mas sem luxo algum. Sucumbiu, após um mortal ataque de meningite sifilítica que agravou devido ao demasiado consumo do álcool.
Oscar Wilde, dramaturgo e poeta, nasceu em 16 de outubro de 1854. Irlandês, filho de protestantes, converteu-se ao catolicismo. Foi líder do Movimento Estético, que tinha como conceito a convicção de que o valor da arte era íntimo, pessoal. Suas obras foram consideradas obras primas do sarcasmo e da ironia, reverenciando a crítica e distribuindo cortejos à moralidade através de contos, novelas e peças teatrais. O escritor era reconhecido por sua excentricidade e com composições premiadas conquistou fortuna e fama.
Casou-se com Constance Lloyd em 1884, teve dois filhos. No entanto, a despeito do casamento tradicional, foi confrontado e seduzido por Robert Ross, seu primeiro amante gay, aceitando e assumindo seu flanco homossexual. Ross, seu amigo mais fiel, permaneceu ao seu lado até a sua prematura morte em 1900, três anos após conquistar sua pseudo-liberdade e brindar ao destino com sua derrota. Suas obras foram recolhidas e suas peças não mais coloriam os cartazes dos teatros. A pedido de Robert, foi sepultado em um túmulo esculpido por Sir Jacob Epstein, conhecido pela obscenidade de suas obras, no Cemitério de Père Lachaise, em Paris, onde finalmente descansou, libertando-se do mais tenebroso veneno social, o preconceito.
por Patrícia Matos
Coluna Literatura
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