Os Maias: “o desacato é a condição do progresso, quem respeita decai”

por Homero Nunes
O livro de Eça de Queiroz (1845 – 1900), Os Maias: Episódios da Vida Romântica, lançado em 1888, é uma viagem ao Portugal do século XIX, com suas transformações culturais e influências mil. Crítico ferrenho do provincianismo português, o autor narra a tragédia da aristocrata família Maia diante das amarras culturais de uma sociedade em meio ao embate entre tradição e modernidade. Os conflitos entre gerações, a contestação dos valores, a subversão dos costumes, são os temas de fundo da trama que envolve paixões proibidas, traições, intrigas, fracassos, futilidades e filosofias de vida. Descritivo e psicológico, o livro discute a decadência moral de uma sociedade através da história de vida de uma família de fidalgos portugueses. 

A conflituosa coexistência das várias correntes poéticas e filosóficas, do romantismo ao naturalismo, é encarnada, por exemplo, na relação entre os personagens do poeta Alencar e o dândi João da Ega. Este, o personagem mais interessante, muitas vezes confundido com o alter-ego do próprio Eça – contestador, extremado, ambíguo. Ega encarna ao mesmo tempo o amigo mais verdadeiro do protagonista, Carlos Eduardo da Maia, e o incorreto caráter imbuído pelo espírito da transformação moderna. Nas palavras de João da Ega: “O desacato é condição do progresso, quem respeita, decai”.

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Para quem se aventura à chatice de ler na tela do computador, o livro é de domínio público e está disponível para download na versão digital. A chatice é compensada pelo preço da edição: grátis.
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Em 2001, a rede Globo exibiu a minissérie “Os Maias”, adaptada da obra de Eça de Queiroz. João da Ega foi encarnado por Selton Mello, por exemplo. Foi uma adaptação considerável, com cenas maravilhosas filmadas em Lisboa, Coimbra e Sintra, embora tenham interferido no final da trama e comprometido o resultado com o usual apelo novelesco da emissora. Interessante, mas compensa apenas se a leitura do romance antecipar a exibição da minissérie. Como sempre, leia o livro antes de ver a adaptação. Disponível em DVD.



Obs.: O Queiroz do Eça pode ser escrito com Z ou, Queirós, com S e acento, as duas formas são aceitas. 


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