Wolfgang Amadeus Mozart: o gênio e a incerteza, o personagem e a inveja

por Homero Nunes
Mozart, pintado em 1819, por Barbara kraft


“Wolfgang Amadeus Mozart morreu em 1791, aos 35 anos, e foi enterrado numa vala comum a 6 de dezembro. Qualquer que tenha sido a doença aguda que contribuiu para seu prematuro falecimento, o fato é que, antes de morrer, Mozart várias vezes esteve próximo do desespero… O rápido avanço de sua doença fatal pode muito bem estar ligado ao fato de que, para ele, a vida perdera o valor. Sem dúvida alguma, morreu com a sensação de que sua existência social fora um fracasso… Hoje, quando o simples nome de Mozart para muitos se tornou símbolo do maior prazer musical que o nosso mundo conhece, pode parecer incompreensível que um homem dotado de tais poderes mágicos de criatividade pudesse ter encontrado a morte prematura – levando consigo para a sepultura inimagináveis criações musicais ainda por compor – porque a falta de amor e generosidade das pessoas aprofundou as suas dúvidas quanto ao valor e o significado de sua vida.”
ELIAS, Norbert. Mozart: Sociologia de um Gênio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1995. (p.9-10)
 
 
Amadeus é um filme de Milos Forman, de 1984, que conta a história de Mozart. O filme levou oito Oscars em 1985, incluindo melhor filme, melhor diretor e melhor ator. Impecável, tem uma paleta de cores que cria a atmosfera de época, mérito da fotografia sutil (repare nas cenas filmadas no teatro de Praga, à luz de velas). Cenários magníficos, figurino de acordo. Falar da música seria redundante – ora, estamos falando sobre Mozart! Mas o que dá fluxo ao filme é a narração pelo viés do invejoso, do medíocre Salieri, um compositor rival da época. Consumido pela inveja, Salieri se engasga no próprio veneno enquanto nos conta a história de Mozart e sua música, da infância à morte. Um certo humor negro que contrasta com a alegria dos altos e a tristeza dos baixos de Amadeus. Obrigatório.

Amadeus é um filme sobre Mozart. Muito do que diz respeito ao personagem Salieri é ficção. Antonio Salieri foi um compositor relevante na época, compôs muito e chegou a alcançar mais sucesso que o próprio Mozart, durante seu tempo de vida – o gênio seria reconhecido postumamente. Certamente conviveu com Mozart no círculo musical de Viena e era apenas seis anos mais velho que ele. Tinha muito talento, embora não fosse o gênio que fora Mozart. Sabemos muito pouco da relação entre eles. No mais, a imagem de Salieri no filme seria ficção, liberdade poética na construção cinematográfica da história de Mozart.

Compensa o livro:
Mozart: Sociologia de um Gênio, de Norbert Elias
 
Pare, ouça, escute:
As Bodas de Figaro
 
Pequena Serenata Noturna
 
Sinfonia n°40
 
Dom Giovanni
 
Requiem
 

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