A viagem de Georges Méliès ao mundo da lua

por Homero Nunes
 
Doces e Brinquedos
 
O fantástico Georges Méliès, após realizar 555 filmes, em duas décadas de muita imaginação, terminou os seus dias consertando brinquedos em sua loja na estação de Montparnasse, em Paris. Seu último curta-metragem foi ao ar em 1914, às vésperas da Primeira Guerra. Falido, sentindo-se fracassado, enfurnou-se em meio aos bric-a-bracs. Somente em 1929, foi redescoberto em uma mostra de seu Le Voyage dans la Lune, recebendo enfim o reconhecimento que lhe arrefeceu a velhice. Aos 78, ainda entre brinquedos e doces, partiu em um fabuloso foguete, acertando o olho da lua.
 
 
Le Voyage dans la Lune, 1902
 
Méliès, como todos nos primórdios do cinema, filmava em preto e branco, mas também lançava seus filmes em cores, colorindo à mão, frame por frame, quadradinho por quadradinho, as películas para exibição. 
 
A versão colorida da clássica Viagem à Lua ficou perdida por décadas, até que uma lata foi encontrada em Barcelona na década de 90, com o filme bastante deteriorado. Passou-se então ao processo de restauração, meticuloso, usando tecnologia digital, para recuperar o tesouro perdido. O resultado foi apresentado em Cannes, 2010, causando vertigens nos cinéfilos. Agora está disponível, em HD, a um clique de distância: https://youtu.be/zCMl11KAP40 
 
 Georges Méliès, 1861 – 1938
 
Em 2011, Martin Scorsese lançou sua homenagem à Georges Méliès em forma de filme: A Invenção de Hugo Cabret. Adaptado do livro homônimo de Brian Selznick, o filme conta a história de um menino que vive entre máquinas e relógios, nos bastidores da estação de Montparnasse, em Paris. Mesmo local onde um velho calvo e ranzinza mantinha sua lojinha de doces e brinquedos. Entre aventuras e apertos, a história de Hugo se cruza com a de Méliès, resgatando das sombras o cineasta e a história do cinema. Lindo filme.
 
 

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