Waterloo e a derrota de Napoleão

por Isso Compensa
Napoleão em Fontainebleau, Delaroche, 1840
Pouquíssimas batalhas foram tão comentadas e estudadas ao longo da história como Waterloo, o embate que significou a derrota definitiva de Napoleão Bonaparte. Seu desfecho, assim como outras batalhas protagonizadas na antiguidade por Alexandre Magno (Gaugamela) e Júlio César (Fársália), sem dúvida alterou os rumos da humanidade. Modernamente, apenas a batalha de Stalingrado, ocorrida durante a Segunda Guerra Mundial, lhe seria páreo, vamos dizer assim. O mais interessante de tudo o que já foi escrito a respeito desse evento capital é que Bonaparte, mesmo tendo contado com apenas três meses para reestruturar seu exército, após seu retorno da Ilha de Elba, tinha tudo para ganhar. Tudo. E perdeu. Por quê? Por causa de um erro estúpido de um subordinado seu.
Napoleão retornando de Elba, por Charles Auguste Guillaume Steuben, 1818
Após reassumir a chefia da França, naquele período que ficaria conhecido como o “governo dos cem dias”, imediatamente se formou contra Napoleão uma coalização (a sétima e última) composta pela Grã-Bretanha, Países Baixos e a Prússia e liderada pelo duque de Wellington, o homem que entraria para a história como o carrasco do “Pequeno Cabo”. O plano de Napoleão era o seguinte: enquanto ele se encarregaria de lidar pessoalmente com as tropas britânicas, sob o comando direto de Wellington, um de seus generais (Grouchy) teria a missão de retardar ao máximo as tropas prussianas lideradas por Blücher, que se deslocavam para a região de Waterloo, localizada na Bélgica, onde os britânicos guardavam posição. Por causa de um erro banal, relacionado à (má) leitura de um mapa, Grouchy não conseguiu interceptar os prussianos, que, ao se juntarem aos britânicos e aos flamengos, venceram Napoleão em uma batalha que foi uma verdadeira carnificina para os padrões da época: mais ou menos 60 mil homens mortos, sendo 40 mil franceses.
A batalha de Waterloo, 1815, por William Sadler II
Segundo o historiador inglês Paul Johnson, autor de uma ótima biografia do general corso intitulada simplesmente Napoleão(Ed. Objetiva, 210 págs.), não deixa de ser irônico o fato de Bonaparte ter perdido sua última batalha por causa de um subordinado que não sabia ler mapas, logo ele, o “maior cartógrafo militar de todos os tempos”. Após a derrota na Bélgica, Napoleão fugiu e foi preso pela Marinha Britânica ao tentar embarcar no porto de Rochefort para os EUA. Começava, ali, seu derradeiro exílio, cumprido na pequena Ilha de Santa Helena, na costa oeste da África, onde permaneceria até sua morte, ocorrida em 1821. Em um certo sentido, foi a derrota mais vitoriosa de que se tem notícia, na medida em que o mito do liberal derrotado e humilhado em Santa Helena assombraria todo o século XIX e serviria de modelo para a burguesia ascendente. Não à toa, a figura de Napoleão, o homem que se fez sozinho, influenciaria até o romantismo francês, por meio de obras descaradamente bonapartistas como, por exemplo, O Vermelho e o Negro (1830), de Stendhal. Mas isso, com o perdão do clichê, já é outra história…

 

Napoleão em Santa Helena – por Benjamin Robert Haydon, 1841

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