Na mais terrível das “Pinturas Negras” de Goya, Saturno, o deus do tempo, devora um dos filhos, como sempre o fizera com todos que teve. Atormentado, ele precisa matar para viver. Sua própria existência, a existência do tempo, depende da morte de todos. Se ninguém morre, morre o tempo. O horror, a tristeza, a melancolia, a sina da destruição que dá sentido a tudo. Tudo passa, tudo precisa acabar. Goya, com mais de 80, também atormentado pela doença, pela velhice e pela proximidade da morte, vê o seu tempo acabar de forma sombria e degradante. Seu Saturno é terrível como o destino de todos os homens. Todos estão condenados. Todos seremos devorados pelo tempo.
Francisco José de Goya y Lucientes
*Fuendetodos, Espanha, 30 de março de 1746
+Bordeaux, França, 16 de abril de 1828
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