Sócrates, a cicuta e a filosofia na praça

por Homero Nunes

Um aluno escreveu na prova que Sócrates se matou tomando Sukita. Cicuta, meu filho, cicuta. Sukita é ruim mas não mata, eu acho. Condenado ao suicídio, Sócrates tomou o veneno num gole só, cercado pelos amigos, menos o que importava deles, Platão. Este estava doentinho em casa, negando o mestre por três vezes. Ops! Isso foi em outra história, quando pegaram um sujeito para cristo. Platão estava mesmo doente, tristonho com o destino dos filósofos. Sócrates mandou pagar uma dívida, sentiu as pernas dormentes e apagou como uma vela. Um choro danado se seguiu e, segundo Nietzsche, estava feito o estrago na civilização ocidental. Apolo triunfaria sobre Dionísio. A dúvida, a ironia, a racionalidade que ecoaria por milênios o pensamento de Sócrates, o feioso que dialogava e discutia filosofia nas praças. Feioso mesmo: baixinho, gordo, calvo e narigudo. E ainda beberrão, pé rapado e esquisito. Mas era Sócrates.

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Sócrates 469-399 a.C.

 

A ignorância é o único mal.

Creio que tenho prova suficiente de que falo a verdade: a pobreza.

Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida.

A vida que não se examina não vale a pena ser vivida.

Só sei que nada sei.

O amor não é um deus, nem um mortal e sim um grande demônio.

O amigo deve ser como o dinheiro, cujo valor já conhecemos antes de termos necessidade dele.

Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância.

A maneira mais fácil e mais segura de vivermos honradamente, consiste em sermos, na realidade, o que parecemos ser.

A vida sem ciência é uma espécie de morte.

A palavra é o fio de ouro do pensamento.

Mas já é hora de nos retirarmos, eu, para morrer, e vocês para viverem. Entre vocês e eu, quem está melhor?

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Sócrates nunca escreveu nada, os pensamentos atribuídos a ele foram escritos por seus discípulos. Filosofava na praça, de graça. A palavra falada era o que propagava, discutindo e dialogando a filosofia com as pessoas na ágora. Contudo, o filósofo teve como discípulo o jovem Platão, que escrevia muito bem e que produziu belíssimos textos tendo como personagem o mestre. Compensam muito os textos de Platão com o personagem Sócrates, sobretudo O BanqueteApologia de Sócrates, este último sobre o julgamento do filósofo em Atenas.

 


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