Contraditório e passional, Siqueiros usou das tintas para combater o sistema, moinhos de vento que projetava em sua miopia ideológica. Quase cegueira. Um engajamento que o fez pintar a dor e a luta de muitos numa sociedade de poucos, donos do poder. Na “Luta pela Emancipação”, de 1961, pintou a multidão desarmada, vestida de branco, derramando-se como uma tromba d’água sobre a coluna militar, de capacetes e armas. Um enfrentamento desigual, necessário porém injusto, entre a insatisfação, a vontade e a força. No caso, justamente na contradição dialética dos opostos, na inversão da leitura, reação e revolta, conservadorismo e mudança, ordem e progresso.
Coluna: Arte